Sei lá

hela santana
1 min readJun 12, 2022

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Não o diga nada nunca. Quer dizer, talvez converse com as paredes, elas sempre sabem o que dizer: não diga nada nunca.

Saiu da cama as nove, mas era pra ser as dez. O café apagou. Ele gozou, você chorou. Precisava escrever alguma coisa assim, sei lá. Rimas e um exercício de fingir não importa. Bom, pelo menos amanhã é segunda.

Mas só abro meus olhos em dias nublados. E chove sem parar.

— Parece que ela foi presa, soube?

Sim. Em um punhado de frases soltas que tentavam se encaixar. Suas linhas são assim. Sem preocupação com vírgulas que se acumulam se encostam e vão embora pra nunca mais. Ele escreve como um vinte-e-tantos pensando ter cinquenta-e-poucos, se acha fantasma de séculos atrás. Eu queria café, cachaça e uma pitada de açúcar, mas o café apagou. Nunca irão se amar. Nunca nunca, nunca o diga nada.

Então disse:

Odeio dias 12. Odeio a mim. Ódio a você. O que é que você queria?, digitou.

— Eu só quero dormir, vou embora.

Okay, então se vá. Sei lá.

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