Sei lá
Não o diga nada nunca. Quer dizer, talvez converse com as paredes, elas sempre sabem o que dizer: não diga nada nunca.
Saiu da cama as nove, mas era pra ser as dez. O café apagou. Ele gozou, você chorou. Precisava escrever alguma coisa assim, sei lá. Rimas e um exercício de fingir não importa. Bom, pelo menos amanhã é segunda.
Mas só abro meus olhos em dias nublados. E chove sem parar.
— Parece que ela foi presa, soube?
Sim. Em um punhado de frases soltas que tentavam se encaixar. Suas linhas são assim. Sem preocupação com vírgulas que se acumulam se encostam e vão embora pra nunca mais. Ele escreve como um vinte-e-tantos pensando ter cinquenta-e-poucos, se acha fantasma de séculos atrás. Eu queria café, cachaça e uma pitada de açúcar, mas o café apagou. Nunca irão se amar. Nunca nunca, nunca o diga nada.
Então disse:
Odeio dias 12. Odeio a mim. Ódio a você. O que é que você queria?, digitou.
— Eu só quero dormir, vou embora.
Okay, então se vá. Sei lá.